Vote de Pesar por Herberto Helder

O falecimento do poeta Herberto Helder constitui uma perda para a cultura e para a arte das palavras escritas em português. Quisemos lembrá-lo e honrá-lo de forma singela, mas sentida, no decurso da Assembleia Municipal de Sintra realizada 3ª feira.
A sua forma de estar, livre e independente, resume-se nestas palavras que deixou ao Público em dezembro de 1990 : "Durante a vida inteira brandi em todas as direcções o mesmo aparelho, a mesma arma furiosa. Fui um inocente, porque só se consegue isso com inocência".

Voto de Pesar

A MORTE DE HERBERTO HELDER

a)   Com a morte de Herberto Helder, em Cascais, Vila em que viveu cerca de 40 anos, a literatura portuguesa perde um dos seus maiores criadores de todos os tempos, a par de Luís de Camões e de Fernando Pessoa;

b)   Trabalhou como jornalista, bibliotecário, intérprete, tradutor, apresentador de programas de rádio e colaborador em várias revistas;

c)    Distinguido, entre outros importantes prémios, com o Prémio Pessoa (1994), mas recusou as distinções que lhe foram concedidas em coerência com os princípios que o norteavam;

d)   Autor de uma obra notável publicada entre 1958 e 2013, considerada pela Sociedade Portuguesa de Autores como “única pela sua intensidade, inovação formal e profundidade filosófica e linguística”;

e)   Para além de um enorme poeta, Herberto Helder distinguiu-se pela discrição e pela simplicidade na maneira de estar na vida, sempre afastado dos tablados e dos holofotes;

Nesta oportunidade, a Assembleia Municipal de Sintra:

1.    Manifesta o seu mais sentido pesar pelo falecimento de Herberto Helder e encarrega o Presidente de transmitir profundas condolências à família;

2.    Sugere aos órgãos de soberania que, ouvida a família, promova a sepultura de Herberto Helder no Panteão Nacional, ao lado dos maiores portugueses da Cultura em geral e das Letras em particular.

Sintra, 2015-03-24

António d’Orey Capucho

(Coordenador do Grupo Político “Sintrenses com Marco Almeida”