segunda-feira, abril 18, 2016

CONTRIBUTO NO ÂMBITO DO PARQUE URBANO DO ALTO DO FORTE

No âmbito do Programa de Reabilitação do Parque Urbano do Alto do Forte, os eleitos do Movimento na Assembleia de Freguesia de Rio de Mouro remeteram os seguintes contributos:

“Conscientes das nossas responsabilidades e dentro das nossas limitações técnicas, pretendemos retomar os contributos já expressos aquando do período de discussão pública do programa estratégico da Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Mem Martins./ Rio de Mouro.

Entendemos que é fundamental a valorização da Ribeira da Laje como um dos elementos estruturantes e fio condutor das intervenções no espaço público nas zonas limítrofes e como tal a requalificação do Parque Urbano da Serra das Minas/Alto Forte.
1 - Ribeira da Laje
 No que se refere à ribeira é essencial  a requalificação ecológica deste corredor ribeirinho, aliada ao cumprimento de funções de recreio e lazer das populações, funcionando como elemento fundamental da estrutura verde do território, traduzido na forma de um parque linear.  Gostaríamos de salientar que para além dos percursos pedonais e cicláveis previstos na ARU, deveriam, sempre que possível, ser criados espaços informais ou formais que proporcionem o acesso a outro tipo de atividades e nomeadamente à atividade lúdico/desportiva tal como propomos na reabilitação do Parque Urbano da Serra das Minas/Alto Forte.
Seria bom,  que fossem igualmente contemplados  diques  para a retenção da água, tendo em vista  espelhos de água, nomeadamente, no período estival, potenciando o usufruto qualitativo dos utilizadores dos espaços em questão.
 No que se refere  às hortas devem ser requalificadas contribuindo para uma paisagem mais  agradável. Não nos podemos esquecer que estes espaços agrícolas são muito importantes para a população, e na sua maioria, correspondem à subsistência de muitas famílias.

Por outro lado, deve ser salvaguardado a introdução de equipamentos desportivos e recreativos como elementos estruturantes em termos estritamente físicos, com o objetivo de  assumirem uma perspetiva de integração social, de indivíduos ou comunidades,  proporcionando igualmente  o desenvolvimento de atividades capazes de estimular hábitos e comportamentos ativos e saudáveis.
É nesta perspetiva que a reconversão do Parque Urbano da Serra das Minas/Alto Forte deve surgir.

2 – Caraterização do Bairro
Parque inserido num bairro jovem,problemático e multicultural. O espaço físico do Bairro não possui pontos estratégicos de sociabilidade.
Há vários constrangimentos no Bairro, que influenciam diretamente a qualidade de vida da população nomeadamente ao nível dos equipamentos de utilização coletiva destinados à satisfação das necessidades, dos seus residentes, designadamente nos domínios da saúde, educação, cultura, desporto, lazer, ação social, segurança pública e da proteção civil, pois são insuficientes para uma população bastante significativa e que deveria merecer uma melhor atenção por parte dos responsáveis políticos.Os défices de infra-estruturasdesportivas e recreativas  é gritante e com consequências  desastrosas.
Neste sentido temos o dever cívico de alertar e procurar contribuir com as melhores soluções, que tentem aproximar os cidadãos no sentido de que estes grandes centros populacionais se convertam em lugares de sociabilização e de convivência pacífica e não de intolerância, garantindo a inclusão social e diversidade cultural.
Este parque pode desempenhar um papel importantíssimo na vida social desta população, funcionando  como ponto de encontro potenciando a   socialização (convivência,   integração,  encontro familiar, participação……). Poderá contribuir igualmente para potenciar o aproveitamento da diversidade socioeconómica, cultural, geracional e étnica enquanto fonte de inovação.

3 – Conceçãoatual do Parque Serra das Minas/Alto Forte
Pensamos que a sua conceção não foi muito feliz, pois não está adaptado à realidade da população que pretende servir, mas infelizmente não é situação única no concelho.
Notamos que existe uma falta de conforto no parque que tem a ver com poucos equipamentos de estadia (bancos e mesas), poucas zonas de sombra, locais para atividades formais ou informais,  má manutenção dos espaços verdes, inexistência de bebedouros,sanitários, parque infantil, parque de merendas e campo de jogos,……
Sem  desvalorizar  a importância do projetista, devemos realçar a mais valia de equipas técnicas multidisciplinares, e os benefícios que advém de trabalhar em colaboração com a população residente na adoção de técnicas de avaliação de design participativo para a concretização do novo  Parque.
3.1– Manutenção
Um abandono total, mais parecendo  um parque do 3º mundo. Dejeto de animais por todo o lado, erva transformada em autentica “savana”, tábuas partidas nas passagens de peões, ribeira obstruída com canavial, arbustos e ervas por todo o lado, etc, etc…..
O sucesso de um parque é também garantido por uma boa manutenção. Um espaço bem mantido é usado e respeitado pela população.

4 -Algumas recomendações genéricas para a reconversão do Parque
O sucesso de um parque público depende de uma correta implementação e conceção do projeto indo ao encontro das necessidades da população .
 No que se refere ao projeto, a legibilidade do espaço é um elemento importante no parque . A simplicidade ou facilidade com que se perceciona a rede de caminhos, entradas/saídas e pontos-chave no parque oferecem uma sensação de segurança.
Os caminhos no seu interior devem ter em atenção os veículos de emergência, veículos de manutenção do parque, acessos de serviços de abastecimento a possíveis  locais de restauração, etc.
Os pontos-chave são âncoras do parque com funções sociais, como de ponto de encontro: bar, parque infantil, skate parque, zona de jogos ou outro tipo de equipamento, devem estar estrategicamente localizados, em locais mais protegidos e confortáveis consoante a sua função.
 Prever áreas para atividades de recreio, lúdicas ou pedagógicas, que podem ser informais, espaços  pavimentados ou com relvado, mas que possuam as infraestruturas necessárias (águas, esgotos, eletricidade…) que permitam acontecimentos pontuais como festas, exposições e outras atividades pertencentes à cultura e identidade local.
Ter em atenção o conforto físico e dotar os locais com sombra (boa arborização, pérgulas), pavimentos confortáveis (materiais e inclinações adequadas e que respeitem a mobilidade de todos os cidadãos), áreas de estadia pavimentada e planas, com drenagem, locais ensombrados e equipar estas áreas de estadia com iluminação, papeleiras e bancos confortáveis.
 Preservar o parque do ponto de vista estético, aliando uma escolha de materiais e equipamentos coerentes  garantindo unidade do parque.
A conceção do parque deve conferir uma futura manutenção simples e exequível  permitir uma contenção de custos.

5 – A reconversão do parque
Na nossa perspetiva  a reconversão do Parque tem de ir ao encontro às solicitações e necessidades da população, independentemente do seu estrato social, etnia ou faixa etária, pois a cidade de hoje é cada vez mais o lugar da diferença, não devendo existir indivíduos mais privilegiados do que outros. Assim sendo, parece-nos fundamental que se abra um período para o contributo dos fregueses/associações/coletividades, numa perspetiva de valorização das comunidades que nessa zona diariamente interagem.
 Na realidade, quem vai usufruir do Parque são essas mesmas pessoas, que anseiam por bem-estar,  tentando por vezes fugir ao stress que a vida moderna, acelerada e em constante mudança,  lhes proporciona.
Sem querer  vincular  o nosso parecer  avançamos  com uma proposta  que nos parece ser razoável nas preferências da população : zonas de sombra; pavimentos sólidos que permitam uma mobilidade confortável; relvado para atividades formais ou informais ou descanso, presença e qualidade de equipamentos, tais como:  bar, sanitários, bebedouros, iluminação, câmara vídeo, parque infantil , parque merendas, espaço polivalente e espaço de jogos .
5.1 - Bar e Sanitários
Uma estrutura de apoio fundamental a ser concessionadae peça fundamental  no que se refere a apoio aos utentes, vigilância, conservação e higiene de sanitários.
5.2 - Parque Infantil
Devido às características do Parque que se encontra   ao longo da ribeira, propomos o desdobramento do Parque Infantil em 2 ou 3 módulos vedados  em função de idades de utilização e com aparelhos que estimulem o desenvolvimento das capacidades motoras dessas idades.
O brincar é,  uma atividade natural, espontânea e necessária para criança, sendo uma peça importantíssima na sua formação.
Através de jogos e brincadeiras a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo das crianças e dos adultos, onde ela estabelece o seu controle interior, a sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros
5.3 - Espaço/campos de jogos
Através da atividades lúdicas, a criança e o jovem desenvolve-se psicológica, cultural, social, mental e fisicamente, ou seja, o brincar proporciona um desenvolvimento integral do ser
O jogo para a criança/jovem ,é um exercício de plenitude, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver as suas potencialidades e habilidades , incorpora valores, conceitos, conteúdos, trabalha a ansiedade, revê limites, desenvolve a autonomia,  a criatividade, aprimora a coordenação motora, desenvolve a organização espacial, melhora o controlo, amplia o raciocínio lógico, aumenta a atenção e a concentração, ensina a ganhar e a perder.
O que é preciso mais para convencer os decisores para a importância de instalações que potenciem o desenvolvimento harmonioso das nossas crianças e jovens.
5.4 – Outros elementos de conforto
Pensamos que deve ser garantido igualmente :
- A existência de pelo menos um percurso com sombra permitindo que se percorra o parque confortavelmente;
 - A ligação de todas as áreas do parque por percursos confortáveis, de preferência ladeados por árvores ;
- O conforto das zonas de estadia, com bancos, mesas e ensombramento com vegetação e pérgulas;
- Embelezar a ribeira com algumas represas  e espelhos de água;
- Criação de pequenas áreas de herbáceas junto a áreas de estadia principais, tornando o espaço mais atraente, agradando aos utilizadores;
- Introduzir sinalética incluindo mapa do parque junto às entradas e informação pedagógica que sensibilize a população à preservação de um espaço que é seu.

6 – Conclusões
Os espaços públicos não devem ser estáticos e simples elementos decorativos no panorama urbano. Devem ser mutáveis e atentos a  necessidades e vontades, respondendo a carências através de soluções que estejam de acordo com as exigências das populações. Sem a consciencialização dos comportamentos pela intervenção atenta e programada dos responsáveis políticos e educadores, dificilmente os jovens, homens de amanhã, poderão aprender e mais tarde levar à prática esse conjunto de valores materiais e morais essenciais a um futuro feito de relações harmoniosas e equilibradas, essenciais à própria liberdade individual e coletiva.
Neste contexto,para este  bairro problemático com raízes diversificadas, pensamos ser fundamental:
-  Democratizar o acesso à atividade desportiva, como forma de inclusão social, ocupando o tempo de ócio de crianças e adolescentes expostos a situações de risco social.
- Oferecer práticas desportivas educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva que contribua para seu desenvolvimento integral.
- Consciencializar os decisores políticos autárquicos que a prática desportiva  é uma atividade necessária ao bem-estar individual e coletivo contribuindo significativamente  para o processo de inclusão educacional e social.
Como sabemos o ordenamento do território, apoiado no regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial, deve obrigatoriamente contemplar os espaços e equipamentos coletivos associados às atividades desportivas nas suas múltiplas vertentes, nomeadamente, lazer, formação, treino, competição e espetáculo.
Com o défice atual existente na freguesia e com pouco espaço disponível com valências para o efeito, onde vamos fazer reserva de espaço para cumprir este desígnio?
Gostaríamos de ver o executivo da J.F. a defender de uma forma clara e consequente, contribuir com uma intervenção política enérgica junto da autarquia para suprir os enormes défices existentes em instalações de base recreativa e formativa, existentes na freguesias, dando assim resposta a necessidades básicas consagradas na Constituição da República Portuguesa e de acordo com a Lei de Bases do Sistema Desportivo e da competência do Município.
As cidades do futuro têm de ser simultaneamente amigas das  crianças e jovens, amigas dos idosos, amigas das famílias, e serem  também lugares de tolerância e de respeito.
Para cumprir tais objetivos, é necessário que os agentes políticos sejam flexíveis e promovam o diálogo com técnicos, populações e outros agentes de vários sectores ligados ao desenvolvimento urbano e que assegurem espaços públicos ao ar livre atrativos e promovam uma mobilidade sustentável, inclusiva e saudável.”

Os eleitos do Movimento
Sílvia Nogueira
José Costa

Helena Quintas
Alcides Varela

Abril de 2016

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