No âmbito do Programa de
Reabilitação do Parque Urbano do Alto do Forte, os eleitos do Movimento na Assembleia
de Freguesia de Rio de Mouro remeteram os seguintes contributos:
“Conscientes das nossas
responsabilidades e dentro das nossas limitações técnicas, pretendemos retomar
os contributos já expressos aquando do período de discussão pública do programa
estratégico da Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Mem Martins./ Rio de Mouro.
Entendemos que é fundamental a
valorização da Ribeira da Laje como um dos elementos estruturantes e fio
condutor das intervenções no espaço público nas zonas limítrofes e como tal a
requalificação do Parque Urbano da Serra das Minas/Alto Forte.
1 - Ribeira da Laje
No que se refere à ribeira é essencial a requalificação ecológica deste corredor
ribeirinho, aliada ao cumprimento de funções de recreio e lazer das populações,
funcionando como elemento fundamental da estrutura verde do território,
traduzido na forma de um parque linear.
Gostaríamos de salientar que para além dos percursos pedonais e cicláveis
previstos na ARU, deveriam, sempre que possível, ser criados espaços informais ou
formais que proporcionem o acesso a outro tipo de atividades e nomeadamente à atividade
lúdico/desportiva tal como propomos na reabilitação do Parque Urbano da Serra
das Minas/Alto Forte.
Seria bom, que fossem igualmente contemplados diques
para a retenção da água, tendo em vista
espelhos de água, nomeadamente, no período estival, potenciando o
usufruto qualitativo dos utilizadores dos espaços em questão.
No que se refere às hortas devem ser requalificadas contribuindo
para uma paisagem mais agradável. Não
nos podemos esquecer que estes espaços agrícolas são muito importantes para a
população, e na sua maioria, correspondem à subsistência de muitas famílias.
Por outro lado, deve ser
salvaguardado a introdução de equipamentos desportivos e recreativos como
elementos estruturantes em termos estritamente físicos, com o objetivo de assumirem uma perspetiva de integração social,
de indivíduos ou comunidades, proporcionando
igualmente o desenvolvimento de atividades
capazes de estimular hábitos e comportamentos ativos e saudáveis.
É nesta perspetiva que a
reconversão do Parque Urbano da Serra das Minas/Alto Forte deve surgir.
2 – Caraterização do Bairro
Parque inserido num bairro
jovem,problemático e multicultural. O espaço físico do Bairro não possui pontos
estratégicos de sociabilidade.
Há vários constrangimentos no
Bairro, que influenciam diretamente a qualidade de vida da população
nomeadamente ao nível dos equipamentos de utilização coletiva destinados à
satisfação das necessidades, dos seus residentes, designadamente nos domínios
da saúde, educação, cultura, desporto, lazer, ação social, segurança pública e
da proteção civil, pois são insuficientes para uma população bastante significativa
e que deveria merecer uma melhor atenção por parte dos responsáveis políticos.Os
défices de infra-estruturasdesportivas e recreativas é gritante e com consequências desastrosas.
Neste sentido temos o dever
cívico de alertar e procurar contribuir com as melhores soluções, que tentem
aproximar os cidadãos no sentido de que estes grandes centros populacionais se
convertam em lugares de sociabilização e de convivência pacífica e não de
intolerância, garantindo a inclusão social e diversidade cultural.
Este parque pode desempenhar um
papel importantíssimo na vida social desta população, funcionando como ponto de encontro potenciando a socialização (convivência, integração,
encontro familiar, participação……). Poderá contribuir igualmente para
potenciar o aproveitamento da diversidade socioeconómica, cultural, geracional
e étnica enquanto fonte de inovação.
3 – Conceçãoatual do Parque Serra das Minas/Alto Forte
Pensamos que a sua conceção não
foi muito feliz, pois não está adaptado à realidade da população que pretende
servir, mas infelizmente não é situação única no concelho.
Notamos que existe uma falta de
conforto no parque que tem a ver com poucos equipamentos de estadia (bancos e
mesas), poucas zonas de sombra, locais para atividades formais ou informais, má manutenção dos espaços verdes, inexistência
de bebedouros,sanitários, parque infantil, parque de merendas e campo de jogos,……
Sem desvalorizar
a importância do projetista, devemos realçar a mais valia de equipas
técnicas multidisciplinares, e os benefícios que advém de trabalhar em
colaboração com a população residente na adoção de técnicas de avaliação de
design participativo para a concretização do novo Parque.
3.1– Manutenção
Um abandono total, mais parecendo um parque do 3º mundo. Dejeto de animais por
todo o lado, erva transformada em autentica “savana”, tábuas partidas nas
passagens de peões, ribeira obstruída com canavial, arbustos e ervas por todo o
lado, etc, etc…..
O sucesso de um parque é também
garantido por uma boa manutenção. Um espaço bem mantido é usado e respeitado
pela população.
4 -Algumas recomendações genéricas para a reconversão do Parque
O sucesso de um parque público
depende de uma correta implementação e conceção do projeto indo ao encontro das
necessidades da população .
No que se refere ao projeto, a legibilidade do
espaço é um elemento importante no parque . A simplicidade ou facilidade com
que se perceciona a rede de caminhos, entradas/saídas e pontos-chave no parque
oferecem uma sensação de segurança.
Os caminhos no seu interior devem
ter em atenção os veículos de emergência, veículos de manutenção do parque,
acessos de serviços de abastecimento a possíveis locais de restauração, etc.
Os pontos-chave são âncoras do
parque com funções sociais, como de ponto de encontro: bar, parque infantil,
skate parque, zona de jogos ou outro tipo de equipamento, devem estar
estrategicamente localizados, em locais mais protegidos e confortáveis
consoante a sua função.
Prever áreas para atividades de recreio,
lúdicas ou pedagógicas, que podem ser informais, espaços pavimentados ou com relvado, mas que possuam
as infraestruturas necessárias (águas, esgotos, eletricidade…) que permitam
acontecimentos pontuais como festas, exposições e outras atividades
pertencentes à cultura e identidade local.
Ter em atenção o conforto físico e
dotar os locais com sombra (boa arborização, pérgulas), pavimentos confortáveis
(materiais e inclinações adequadas e que respeitem a mobilidade de todos os
cidadãos), áreas de estadia pavimentada e planas, com drenagem, locais
ensombrados e equipar estas áreas de estadia com iluminação, papeleiras e
bancos confortáveis.
Preservar o parque do ponto de vista estético,
aliando uma escolha de materiais e equipamentos coerentes garantindo unidade do parque.
A conceção do parque deve conferir
uma futura manutenção simples e exequível
permitir uma contenção de custos.
5 – A reconversão do parque
Na nossa perspetiva a reconversão do Parque tem de ir ao encontro
às solicitações e necessidades da população, independentemente do seu estrato
social, etnia ou faixa etária, pois a cidade de hoje é cada vez mais o lugar da
diferença, não devendo existir indivíduos mais privilegiados do que outros.
Assim sendo, parece-nos fundamental que se abra um período para o contributo
dos fregueses/associações/coletividades, numa perspetiva de valorização das
comunidades que nessa zona diariamente interagem.
Na realidade, quem vai usufruir do Parque são
essas mesmas pessoas, que anseiam por bem-estar, tentando por vezes fugir ao stress que a vida
moderna, acelerada e em constante mudança, lhes proporciona.
Sem querer vincular
o nosso parecer avançamos com uma proposta que nos parece ser razoável nas preferências
da população : zonas de sombra; pavimentos sólidos que permitam uma mobilidade
confortável; relvado para atividades formais ou informais ou descanso, presença
e qualidade de equipamentos, tais como:
bar, sanitários, bebedouros, iluminação, câmara vídeo, parque infantil ,
parque merendas, espaço polivalente e espaço de jogos .
5.1 - Bar e Sanitários
Uma estrutura de apoio fundamental
a ser concessionadae peça fundamental no
que se refere a apoio aos utentes, vigilância, conservação e higiene de
sanitários.
5.2 - Parque Infantil
Devido às características do Parque
que se encontra ao longo da ribeira, propomos o desdobramento
do Parque Infantil em 2 ou 3 módulos vedados
em função de idades de utilização e com aparelhos que estimulem o
desenvolvimento das capacidades motoras dessas idades.
O brincar é,
uma atividade natural, espontânea e necessária para criança, sendo uma peça
importantíssima na sua formação.
Através de jogos e brincadeiras a
criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura
para o diálogo com o mundo das crianças e dos adultos, onde ela estabelece o seu
controle interior, a sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo
mesma e com os outros
5.3 - Espaço/campos de jogos
Através da atividades lúdicas, a
criança e o jovem desenvolve-se psicológica, cultural, social, mental e
fisicamente, ou seja, o brincar proporciona um desenvolvimento integral do ser
O jogo para a criança/jovem ,é um
exercício de plenitude, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende
brincando, é o exercício que a faz desenvolver as suas potencialidades e
habilidades , incorpora valores, conceitos, conteúdos, trabalha a ansiedade,
revê limites, desenvolve a autonomia, a
criatividade, aprimora a coordenação motora, desenvolve a organização espacial,
melhora o controlo, amplia o raciocínio lógico, aumenta a atenção e a
concentração, ensina a ganhar e a perder.
O que é preciso mais para
convencer os decisores para a importância de instalações que potenciem o
desenvolvimento harmonioso das nossas crianças e jovens.
5.4 – Outros elementos de conforto
Pensamos que deve ser garantido
igualmente :
- A existência de pelo menos um
percurso com sombra permitindo que se percorra o parque confortavelmente;
- A ligação de todas as áreas do parque por
percursos confortáveis, de preferência ladeados por árvores ;
- O conforto das zonas de estadia,
com bancos, mesas e ensombramento com vegetação e pérgulas;
- Embelezar a ribeira com algumas
represas e espelhos de água;
- Criação de pequenas áreas de
herbáceas junto a áreas de estadia principais, tornando o espaço mais atraente,
agradando aos utilizadores;
- Introduzir sinalética incluindo
mapa do parque junto às entradas e informação pedagógica que sensibilize a
população à preservação de um espaço que é seu.
6 – Conclusões
Os espaços públicos não devem ser
estáticos e simples elementos decorativos no panorama urbano. Devem ser
mutáveis e atentos a necessidades e
vontades, respondendo a carências através de soluções que estejam de acordo com
as exigências das populações. Sem a consciencialização dos comportamentos pela
intervenção atenta e programada dos responsáveis políticos e educadores,
dificilmente os jovens, homens de amanhã, poderão aprender e mais tarde levar à
prática esse conjunto de valores materiais e morais essenciais a um futuro
feito de relações harmoniosas e equilibradas, essenciais à própria liberdade
individual e coletiva.
Neste contexto,para este bairro problemático com raízes diversificadas,
pensamos ser fundamental:
-
Democratizar o acesso à atividade desportiva, como forma de inclusão
social, ocupando o tempo de ócio de crianças e adolescentes expostos a
situações de risco social.
- Oferecer práticas desportivas
educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva
que contribua para seu desenvolvimento integral.
- Consciencializar os decisores
políticos autárquicos que a prática desportiva
é uma atividade necessária ao bem-estar individual e coletivo
contribuindo significativamente para o
processo de inclusão educacional e social.
Como sabemos o ordenamento do
território, apoiado no regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial,
deve obrigatoriamente contemplar os espaços e equipamentos coletivos associados
às atividades desportivas nas suas múltiplas vertentes, nomeadamente, lazer,
formação, treino, competição e espetáculo.
Com o défice atual existente na
freguesia e com pouco espaço disponível com valências para o efeito, onde vamos
fazer reserva de espaço para cumprir este desígnio?
Gostaríamos de ver o executivo da
J.F. a defender de uma forma clara e consequente, contribuir com uma
intervenção política enérgica junto da autarquia para suprir os enormes défices
existentes em instalações de base recreativa e formativa, existentes na
freguesias, dando assim resposta a necessidades básicas consagradas na
Constituição da República Portuguesa e de acordo com a Lei de Bases do Sistema
Desportivo e da competência do Município.
As cidades do futuro têm de ser
simultaneamente amigas das crianças e
jovens, amigas dos idosos, amigas das famílias, e
serem também lugares de tolerância e de
respeito.
Para cumprir tais objetivos, é necessário que os agentes políticos sejam
flexíveis e promovam o diálogo com técnicos, populações e outros agentes de vários
sectores ligados ao desenvolvimento urbano e que assegurem espaços públicos ao
ar livre atrativos e promovam uma mobilidade sustentável, inclusiva e saudável.”
Os eleitos do Movimento
Os eleitos do Movimento
Sílvia Nogueira
José Costa
Helena Quintas
Alcides Varela
Abril de 2016
Alcides Varela
Abril de 2016
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