O grupo de vereadores do Movimento apresentou na última reunião de Câmara, dia 28 de julho, uma moção que pretende abrir caminho para a constituição de um Plano Estratégico com vista ao enquadramento e resposta aos problemas que os mais idosos sentem.
Apesar de ter sido pedido o adiamento da sua votação, acreditamos que não podemos tapar os olhos perante o tema.
Apesar de ter sido pedido o adiamento da sua votação, acreditamos que não podemos tapar os olhos perante o tema.
MOÇÃO:
Considerando
a comemoração recente do Dia Nacional dos Avós e o facto de à escolha da data
ter presidido a intenção de homenagear os avós e agradecer-lhes o seu apoio e
dedicação à família, pelo suporte que representam, mesmo se as sociedades
modernas tendem, nalguns casos, a desvalorizar esse papel fundamental que
representam em matéria de estruturação de valores e de testemunho de
experiência e conhecimento;
Considerando
que servem também estas celebrações para convocar a nossa atenção para
determinados assuntos que, “à sua boleia”, ganham uma relevância acrescida;
Considerando,
assim, nesse âmbito, que somos sugestionados a reflectir sobre uma realidade
que se prende com o crescente envelhecimento da população e com a falta de respostas
para os que ganharam o estatuto de avós ou para os que não o sendo se assumem
como avós “emprestados” de todos nós;
Considerando
nessa linha que o cruzamento das diferentes questões transversais à sua
existência gera a imprescindibilidade de assunção, pela administração pública e
pela sociedade em geral, das sérias responsabilidades que lhe são inerentes,
muito para além dos cuidados básicos de saúde ou do provimento de lugares em
instituições de acolhimento, quer sejam centros de dia ou lares, sem que se
registe uma verdadeira política de apoio familiar que seja facilitadora da
permanência dos mais velhos no seio da sua família, mediante incentivos reais e
apoios correspondentes, ao invés dum investimento direccionado para o seu
“internamento” em instituições, quando a sua autonomia já compromete a sua
permanência na própria casa, desvirtuando o convívio intergeracional e o
referencial que deveriam continuar a representar para os mais novos;
Considerando
que somos recorrente e lamentavelmente confrontados com ocorrências que se
prendem com o abandono a que os mais velhos se vêem crescentemente votados, quer
sejamsituações de exclusão social e familiar, quer sejam as dificuldades
sentidas em lhes garantir assistência quando deixam de ter autonomia, pela
falta de respostas que continuam a existir sobretudo em termos da valência lar;
Considerando
a suprema aberração de também eles serem vítimas de maus tratos quer explícita
quer implicitamente e em sede familiar ou nos próprios lares onde se encontram,
naquilo que configura uma situação certamente potenciada pela falta de redes de
sociabilidade no primeiro caso e também de fiscalização no segundo e que não
podedeixar de nos envergonhar como cidadãos, revelando preocupante retrocesso
na nossa matriz civilizacional;
Considerando que à escala local e
tendo apenas por base os números de 2013 e 2014 registados pela APAV
(Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), relativamente aos residentes no
Concelho de Sintra, foram em 2013 registados 17 casos de pessoas idosas (65 e
mais anos) vítimas de crimes, fundamentalmente no âmbito da violência
doméstica, sendo 12 do sexo feminino e 5 do sexo masculino e que em 2014 os
registos de pessoas idosas vítimas de crime, ascendeu a 39, sendo 31 pessoas do
sexo feminino e 8 do sexo masculino;
Considerando que, apesar da possível
tentação de se assumir tratar-se de números aparentemente pouco expressivos, a
gravidade da razão do registo torna imensa a sua enormidade,sendo exponencial o
seu crescimento (129%), mesmo admitindo que a maior consciencialização social
explicará uma parte do mesmo;
Considerando, neste âmbito,que a proposta
daAPRe(Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados),para criação por
parte das Câmaras Municipais de Comissões de Protecção de Idosos em Risco, ganha
aqui um especial enquadramento e pertinência, tendo a mesma, inclusive, no ano
passado, entregue a 30 autarquias (Sintra incluída) um manifesto nesse sentido;
Temos a honra
de propor, no âmbito da recente comemoração do Dia Nacional dos Avós e em nome
do superior respeito pelos mais velhos:
- Que em face dos grandes
desafios de natureza humanista que esta matéria suscita, seja considerada pela Câmara
Municipal de Sintra a criação daquilo que poderia designar-se
como Plano Estratégico para a Idade Maior,
que fosse passível de também de prevenir outras manifestações daquilo que são
verdadeiras doenças sociais ou atalhar-lhes os efeitos, dando pistas e
orientações efectivas sobre os eixos de actuação na área do envelhecimento,
identificando os interlocutores e os responsáveis pela sua concretização, o
cronograma temporal e o faseamento das medidas e em cujo seio coubessem
inevitavelmente acções de sensibilização junto dos mais novos tendentes a
incrementar a valorização dos mais velhos e contribuindo, assim, para fundear
os alicerces duma cultura de solidariedade e sustentar políticas e projectos a
liderar pela autarquia ou sob o seu patrocínio;
- Que possa a Câmara Municipal de
Sintra criar uma Comissão de Protecção
para a Idade Maior – que iria um pouco para além da reivindicada pela APRe,
na medida em que lhe caberia não apenas rastrear as situações que envolvem
risco, não se circunscrevendo, portanto, a dar resposta ao crescimento dos
maus-tratos infligidos aos idosos, mas acometendo-lhe também uma ação
preventiva, que passasse, inclusive, pela“fiscalização” das instituições que os
acolhem, por acções de formação para os cuidadores e que acompanharia
transversalmente todas as situações ligadas ao envelhecimento, a qual,
replicando o formato das criadas para protecção das crianças e jovens em risco,
contaria com a representação das diferentes entidades na gestão destas
matérias.
Os
vereadores do Movimento “Sintrenses com Marco Almeida”
Marco Almeida
Pedro Matias
Carlos Parreiras
Márcia Chiolas
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