Sintra celebra este ano 20 anos
de Património da Humanidade.
Uma data histórica que nos obriga
a lembrar o caminho percorrido e os desafios que temos pela frente. É neste eixo
de compromisso entre o passado, o presente e o futuro que se centra o artigo de
opinião do deputado municipal Hermínio Santos. Aqui fica:
“Este ano comemora-se o 20.º
aniversário da classificação de Sintra como «Património Mundial» no âmbito da
categoria de «Paisagem
Cultural». Recorde-se que tal aconteceu às 11 horas e 5
minutos do dia 6 de Dezembro de 1995, durante a 19.º sessão do Comité do
Património Mundial da UNESCO que, naquele ano, se reuniu em Berlim, o que
deixou os sintrenses e amigos de Sintra perante um reconhecimento há muito
desejado.
Releve-se a iniciativa da
presidência da Assembleia Municipal de Sintra de, através das páginas do seu
site, evidenciar tão importante efeméride, reconhecendo também as crescentes
obrigações dos órgãos municipais face à distinção com que a UNESCO nos honrou.
Neste momento não devemos
esquecer o excelente trabalho realizado pela numerosa equipa, tendo como
Comissário o Dr. Cardim Ribeiro, que organizou, com início em 1988, o dossiê da
candidatura apresentada à UNESCO, constituída por um interessante e bem
estruturado conjunto de trabalhos, que mais tarde foram reunidos no excelente
livro «SINTRA – PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE», editado, em 1996, pela Câmara
Municipal de Sintra, com 294 páginas profusamente ilustradas e com edições em
português, inglês e francês.
A UNESCO ao classificar Sintra
como «Património da Humanidade» definiu, para além da «Zona Inscrita», uma área
geográfica denominada «Zona Tampão» e outra conhecida por «Zona de Transição»,
criou ainda um conjunto de condicionalismos sobre a utilização do território e
estabeleceu normas que devem merecer da edilidade sintrense, e dos técnicos que
a apoiam, uma muito especial atenção para que no vasto território que compõe
aquelas zonas não sejam cometidas mais agressões urbanísticas e se caminhe, com
celeridade, para a total recuperação do Centro
Histórico de Sintra e significativa valorização da área adjacente, cujo todo
corresponde à «Zona Inscrita». Torna-se necessário que,
com urgência, seja criado uma estrutura municipal, com técnicos altamente
qualificados e de múltiplas formações académicas, que acompanhe todas as
operações urbanísticas e de reabilitação urbana requeridas para serem
concretizadas naquelas três zonas. A necessidade do órgão executivo municipal
ser apoiado na difícil gestão do território que constitui as três zonas já
mencionadas já foi reconhecida e assumida como imprescindível pelo presidente
da Câmara Municipal de Sintra.
Esperamos que a sua concretização
seja uma realidade a muito curto prazo para que a coordenação interna a nível
municipal seja eficaz e observe as linhas traçadas pela UNESCO e concretize o
diálogo com os departamentos da administração central também intervenientes na
gestão do espaço da «Paisagem Cultural de Sintra». Inclusive propondo, ouvindo
os munícipes, legislação e regulamentação a ser escrupulosamente observada
pelos vários parceiros a fim de preservar a ambiência do espaço classificado
pela UNESCO como «Património Cultural da Humanidade».
Para que o leitor tenha uma ideia
das áreas geográficas de cada uma daquelas zonas importa referir que a «Zona
Inscrita», a mais importante, inclui a área territorial que vai de Sintra a
Colares, abrangendo a imponente e frondosa Serra de Sintra. É nesta área que se
situa o património edificados mais relevante, designadamente o Palácio Nacional
de Sintra, parque, jardim e Palácio Nacional da Pena, Castelo dos Mouros,
Palácio dos Seteais, jardins e Palácio de Monserrate, jardins e Palácio da
Regaleira. Completam este vasto e importante património as numerosas e
históricas quintas senhoriais com os seus vestutos «chalets» ou «villas», graciosas fontes, os Conventos dos Capuchos e
do Carmo, este em Colares, para além de outro património religioso e um
significativo número de sítios de grande interesse arqueológico. Naturalmente
que o grandioso património vegetal tem na «Zona Inscrita» uma importância que
não podemos olvidar.
A «Zona Tampão» envolve a «Zona
Inscrita» e estende-se por toda a Serra de Sintra, abrangendo ainda um vasto
troço litoral, desde as Azenhas do Mar até a Sul do Cabo da Roca.
Finalmente a «Zona de Transição»
abrange uma área territorial que, a Sul, engloba a zona costeira do concelho de
Cascais e a Norte estende-se por toda a área territorial da antiga freguesia de
S. João das Lampas, actualmente incorporada na União das Freguesias de S. João
das Lampas e Terrugem. Trata-se de um espaço de natureza predominantemente
rural, com as suas numerosas e interessantes aldeias e vastas zonas de pinhais
que importa preservar, mantendo, como refere o Dr. Cardim Ribeiro, «a harmonia paisagística interna».
Bibliografia:
SINTRA –
PATRIMÓNIO da humanidade. Edição da
Câmara Municipal de Sintra, 1998, 294 pág., ilustrado.
CARDIM RIBEIRO, José – A «PAISAGEM
CULTURAL DE SINTRA» - PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE. SUA DIMENSÃO POLÍTICA,
ESTRATÉGICA E ORDENADORA». Comunicação apresentada na sessão promovida, em
4.Março.2015, pela ALAGAMARES – Associação Cultural. “
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